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Suplementar vitamina D: novo Guideline desencoraja suplementação

A vitamina D é essencial para a saúde, desempenhando papel crucial na absorção de cálcio, no fortalecimento dos ossos e na regulação do sistema imunológico. Níveis adequados dessa vitamina também estão associados à força e recuperação muscular, potência e coordenação, fatores que melhoram o desempenho de atletas e praticantes de atividades físicas como corrida, treino funcional, ciclismo ou natação. Mas será que suplementar vitamina D é realmente necessário?

Sabe-se que a deficiência de vitamina D pode estar associada ao aumento do risco de diversas condições, como doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose, raquitismo e diabetes. Consequentemente, a suplementação de vitamina D tornou-se comum, especialmente em populações mais velhas e em regiões com baixa exposição solar.

Um novo guideline publicado pelo The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism sugere que, em algumas situações, a suplementação empírica e o monitoramento dos níveis de vitamina D não são mais necessários para todos os indivíduos, especialmente aqueles sem condições médicas que afetem sua fisiologia. 

Este artigo oferece um resumo detalhado dessas novas orientações, destacando as principais recomendações que você deve estar ciente.

A epidemia de suplementação de vitamina D

Com o aumento de estudos associando baixos níveis de vitamina D a uma ampla gama de doenças, suplementar vitamina D tornou-se uma prática comum no mundo todo. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, o uso de suplementos com 1000 UI ou mais de vitamina D aumentou drasticamente, de 0,3% da população em 1999 para 18,2% em 2014. 

Além disso, os testes para medir os níveis de 25(OH)D tornaram-se rotina em muitos consultórios médicos, apesar da falta de consenso sobre o nível ideal dessa substância no sangue.

Entretanto, grande parte dessas evidências é baseada em estudos observacionais, que são propensos a vieses e confusões. Ou seja, não é possível afirmar com segurança que os baixos níveis de vitamina D são a causa exclusiva de determinadas condições de saúde.

Ainda não está claramente estabelecido que a suplementação de vitamina D possa prevenir ou tratar essas doenças de forma eficaz.

Novo Guideline: o que mudou?

As novas diretrizes foram elaboradas com o objetivo de revisar o uso da vitamina D em indivíduos sem indicações claras de deficiência. 

Vários estudos demonstraram uma associação entre baixas concentrações séricas de 25(OH)D e uma ampla gama de distúrbios, incluindo doenças musculoesqueléticas, metabólicas, cardiovasculares, malignas, autoimunes e infecciosas. 

Por sua vez, esses achados criaram uma impressão generalizada de que níveis adequados de vitamina D poderiam ser a chave para a prevenção de diversas condições de saúde, levando a um aumento exponencial na suplementação e nos testes na população em geral.

Contudo, a ligação causal entre níveis de 25(OH)D e a maioria dessas doenças não foi claramente estabelecida. Isso levanta a questão sobre a real eficácia da suplementação de vitamina D para prevenção de doenças, além de colocar em dúvida a prática de testes generalizados para medir os níveis dessa substância. 

O novo guideline vem justamente para abordar essas incertezas e fornecer recomendações baseadas em evidências atualizadas. 

O principal objetivo das diretrizes desenvolvidas pelo painel da Endocrine Society foi fornecer recomendações clínicas para o uso da vitamina D, tanto na forma de colecalciferol (vitamina D3) quanto de ergocalciferol (vitamina D2), em indivíduos sem uma indicação clínica clara para suplementação ou para testes de 25(OH)D.

De acordo com o guia, a suplementação só deve ser indicada para indivíduos com condições específicas, como idosos, pessoas com síndrome de má absorção, doença renal crônica ou distúrbios metabólicos raros que afetam a regulação da vitamina D

Recomendações de vitamina D para populações específicas

O novo guideline apresenta recomendações específicas para diferentes grupos populacionais:

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1. População geral com mais de 75 anos

Para indivíduos com 75 anos ou mais, a recomendação é a suplementação empírica de vitamina D devido ao potencial benefício de redução da mortalidade. Essa orientação baseia-se em ensaios clínicos que indicam que doses diárias moderadas, como 900 UI de vitamina D, podem ser benéficas.

2. Gestantes

Durante a gravidez, a suplementação empírica de vitamina D é sugerida, dado o potencial de reduzir o risco de complicações como pré-eclâmpsia, parto prematuro e mortalidade neonatal. Ensaios clínicos sugerem que doses diárias em torno de 2500 UI podem ser eficazes.

3. Indivíduos com pré-diabetes

Para adultos com pré-diabetes, especialmente aqueles com alto risco de progressão para diabetes tipo 2, a suplementação de vitamina D é recomendada como uma estratégia adicional à modificação do estilo de vida. Estudos sugerem que a vitamina D pode ajudar a retardar ou prevenir o desenvolvimento de diabetes em indivíduos com níveis baixos de 25(OH)D.

Riscos da suplementação excessiva

Outro ponto importante levantado pelas novas diretrizes é o risco potencial da suplementação excessiva de vitamina D. Embora ela seja essencial para a saúde, seu excesso pode causar toxicidade, resultando em hipercalcemia (altos níveis de cálcio no sangue) e, em casos mais graves, insuficiência renal. 

O guideline alerta que a suplementação desnecessária, sem indicação médica adequada, pode trazer mais riscos do que benefícios à saúde.

A importância da exposição solar e da alimentação

A vitamina D pode ser sintetizada pela pele através da exposição solar. Assim, para grande parte da população, a exposição regular ao sol pode ser suficiente para manter níveis adequados desta vitamina, sem a necessidade de suplementação. 

Portanto, antes de recorrer à suplementação, é importante considerar mudanças simples no estilo de vida, como aumentar o tempo de exposição solar e incluir fontes alimentares de vitamina D na dieta. 

Somente em casos de deficiência comprovada a suplementação deve ser considerada, e sempre com acompanhamento médico.

Conclusão

Em suma, embora a vitamina D continue sendo essencial para a saúde, as novas diretrizes desencorajam a suplementação indiscriminada, sugerindo uma abordagem mais criteriosa e baseada em evidências científicas.

A orientação é que a suplementação de vitamina D seja recomendada apenas em situações em que haja real necessidade, priorizando sempre uma abordagem personalizada e considerando as peculiaridades de cada indivíduo.

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