O Pilates melhora a dor lombar? Veja o que a ciência tem a dizer!
Estamos com uma novidade aqui no blog da Medina Fitness Plus! Vamos trazer, uma vez por mês, um estudo de revisão sobre assuntos do seu interesse: treinamento físico, bem estar e saúde em geral. Nossa estreia é com Pilates na dor lombar!
A nossa ideia é transformar artigos científicos em textos acessíveis e de linguagem fácil, para que você se atualize com evidências científicas sem nenhuma dificuldade. Todo o conteúdo que produzimos aqui no blog é baseado em estudo científicos, sabia? E agora você vai ter maior familiaridade com esses estudos!
Todos os artigos desse novo projeto serão revisões sistemáticas. Esse tipo de estudo reúne e analisa uma série de outros estudos publicados anteriormente, formando uma conclusão sobre determinado assunto a partir dessa análise.
O post que você vai ler agora é o primeiro nesse formato. Acompanhe o blog para não perder nenhum texto desse novo projeto e se manter por dentro das novidades científicas!
Se você tiver alguma sugestão de tema, comenta aqui para sabermos. Além disso, conte pra gente o que você achou dessa ideia e deixe sugestões – assim podemos melhorar a cada nova publicação.
Vamos ao post?
O método pilates está crescendo rápido tanto entre indivíduos saudáveis quanto entre os que precisam de algum tipo de reabilitação física. Um dos motivos pelos quais as pessoas procuram o pilates é a possibilidade de melhorar as dores na lombar, mas será que essa eficácia é comprovada? Para descobrir, vamos mostrar para você o que a ciência tem a dizer sobre o efeito do pilates na dor lombar crônica!
Um estudo italiano publicado em 2015 fez uma revisão sistemática sobre o assunto, reunindo uma série de artigos já publicados e analisando os resultados que esses artigos obtiveram.
As revisões sistemáticas costumam ser mais consistentes do que apenas um artigo justamente por oferecerem uma visão geral do que a literatura diz sobre o tema até o momento.
O que é a dor lombar?
Muitos problemas e dificuldades musculoesqueléticas estão vinculados ao avanço da idade e ao estilo de vida (obesidade, tabagismo e inatividade física).
A dor lombar é um desses problemas e é definida pelos autores como dor e desconforto abaixo da margem costal e acima dos glúteos, independente de existir também dores nas pernas e também não atribuída a nenhuma patologia ou problema neurológico.
Se identificou com esse tipo de dor? Saiba que as dores na lombar crônicas que não são causadas por nenhuma doença podem ter diversas origens, podendo inclusive ter influência genética.
É interessante saber também que a dor lombar, ou lombalgia, pode ser consequência de uma série de escolhas de estilo de vida, como a inatividade física, má postura, passar longos períodos sentado, entre outros hábitos.
Qual é a relação entre o pilates e a dor lombar?
O pilates é um método de exercício que busca a conexão mente e corpo e tem como foco a estabilidade do núcleo corporal, o controle muscular, a respiração, força, flexibilidade e postura. O controle muscular no pilates também busca a estabilização da região pélvico-lombar, que é justamente a região das dores em questão.
Existem dois principais tipos de pilates: o pilates Mat, que utiliza apenas o “tapetinho” e geralmente o peso do próprio corpo do praticante, e o pilates com equipamentos.
Um dos estudos que os autores trazem na revisão mostra que o pilates Mat pode ser mais seguro e eficaz do que o pilates com equipamentos por permitir melhor ajuste à capacidade de equilíbrio de cada indivíduo.
Entendendo o papel teórico que o pilates poderia desempenhar nas dores lombares principalmente por melhorar a estabilidade estática e dinâmica, a postura e os movimentos em geral, o objetivo dos autores foi analisar os artigos existentes para entender se na prática o pilates de fato é eficaz na dor e incapacidade em pacientes com dor lombar crônica inespecífica.
Como foi feita a pesquisa?
Os autores estabeleceram alguns critérios para incluir os estudos na sua revisão, sendo esses:
- Artigos originais ou revisões sistemáticas publicados na íntegra
- Inclusão de adultos com dor lombar crônica inespecífica
- Parâmetro de avaliação: dor e/ou incapacidade
- Tipo de tratamento: tratamento principal baseado nos exercícios de pilates em comparação a nenhum tratamento, intervenção mínima, outros tipos de intervenção ou outros tipos de exercícios
- Pessoas com dor lombar acima de 3 meses
Inicialmente, os autores encontraram 128 registros nos bancos de dados utilizados, dos quais 67 foram considerados relevantes a partir dos critérios de inclusão. Então, 38 artigos foram removidos como duplicados e acabaram com 29 artigos utilizáveis. Desses, 21 são ensaios clínicos randomizados. Observe abaixo como foi feita a seleção:
O que eles descobriram?
Como você viu acima, os autores compararam o pilates com diversas intervenções, inclusive nenhuma intervenção. Vamos ver o que eles descobriram?
Comparação do método Pilates com intervenção mínima
Nove estudos avaliaram a dor antes e depois das intervenções e os resultados foram comparados com os grupos controle (GCs) com e sem intervenções e também com intervenções farmacêuticas alternativas. Alguns estudos foram bastante parecidos entre si, realizando tanto métodos similares quanto obtendo resultados similares.
Os estudos de Rydeard e cols., Gladwell e cols., Fonseca e cols e Pappas e cols. trouxeram um resultado já esperado: o pilates promove melhora na dor nas costas quando comparado a pessoas que não fazem nenhum tipo de atividade física. Um dos estudos acompanhou o grupo por 12 meses e a melhora seguiu sendo significativa.
O Pilates vai além das dores na lombar
Mas não é só isso: o pilates também induziu melhora no humor, equilíbrio e flexibilidade em pessoas com dor lombar crônica. Isso quer dizer que a redução das dores não foi o único benefício observado pelos praticantes de pilates!
Um estudo similar, o de Albert Anand e cols., modificou exercícios do pilates para focar em flexibilidade e comparou esse método com outros exercícios terapêuticos de flexibilidade. O grupo que realizou os exercícios baseados em pilates teve melhora na redução da dor, na saúde geral e também na flexibilidade.
Esse resultado mostra que não apenas um propósito para os exercícios é importante, como também uma metodologia de exercícios planejada.
Outro estudo, o de Alves de Araujo, avaliou a eficácia do pilates nas dores nas costas em mulheres com escoliose. Novamente, o grupo de mulheres que praticou pilates teve melhora significativa nas dores nas costas em relação às mulheres que não praticavam exercício nenhum.
O estudo de Miyamoto e cols. comparou a intervenção pilates com a distribuição de um folheto educacional para não praticantes de nenhuma atividade física. Logo após a intervenção, o grupo que praticou pilates teve melhora na dor, mas após 6 meses a diferença entre os grupos não era mais significativa.
O resultado mais surpreendente desse grupo é o de Natour e cols. Esses pesquisadores realizaram intervenção com pilates em um grupo de pessoas que tomava remédios anti-inflamatórios para dor na lombar, comparando com quem tomava os remédios mas não praticava nenhuma atividade.
E sabe qual foi o resultado? O grupo que realizou pilates não só teve redução nas dores na lombar como também foi diminuindo o uso de remédios anti-inflamatórios ao longo do tempo! Mesmo 90 dias após a conclusão do método pilates, o grupo que recebeu a intervenção estava tomando menos anti-inflamatórios que o outro grupo.
Quantas aulas de pilates por semana devem ser feitas?
O último estudo desta série de comparações trouxe a conclusão de que 5 aulas por semana ao longo de 6 meses é altamente eficaz para redução de dores na lombar.
Esse mesmo estudo fala que a inatividade física pode piorar as dores, além de induzir um ciclo vicioso no qual a dor e a intolerância à atividade física se segue.
Mesmo que a recomendação deste estudo seja de 5 aulas por semana durante 6 meses, você não quer voltar à inatividade física após 6 meses, não é mesmo? Portanto, não pense em um tratamento temporário e sim em um estilo de vida ativo para que as dores na lombar nunca mais sejam um problema!
Na prática, em nosso estúdio conseguimos perceber melhoras significativas com frequências de 2 aulas por semana no período de três meses, naqueles alunos que chegam até nós com muitas queixas de dores lombares. Para casos mais simples os resultados tendem a acontecer em períodos menores.
Comparação do pilates com outros tipos de exercícios
Nesta seção, 6 estudos foram analisados. Nestes estudos, a dor foi avaliada antes e após a intervenção de pilates e comparados com os grupos controle que foram submetidos a exercícios alternativos.
Dois estudos, Donzelli e cols. e Wajswelner e cols., compararam a prática de pilates com a prática de exercícios gerais. Eles observaram que teve melhora na dor e na incapacidade em ambos os métodos, mas com uma diferença: o método pilates teve melhor adesão.
O pilates teve melhor adesão muito provavelmente em função dos outros benefícios que a prática proporciona: melhor estabilidade, flexibilidade, fortalecimento muscular, redução de estresse, maior consciência corporal, melhora na disposição, entre outros. Ou seja, mesmo depois de ter o problema das dores na lombar resolvidos, os praticantes vêem que o pilates pode oferecer ainda mais vantagens.
Dentro do próprio pilates, o estudo de Curnow e cols. comparou 3 protocolos diferentes do método. O resultado foi positivo, todos tiveram melhora significativa da intensidade e duração da dor, sem ter diferença entre um grupo e outro.
Pilates Aparelhos vs. Mat Pilates
Na mesma linha, o estudo de Lee e cols. comparou o método Mat pilates com o método pilates com aparelhos. Embora ambas as modalidades tenham reduzido a dor, o Mat pilates reduziu ainda mais.
Essa diferença entre Mat pilates e aparelhos mostra a importância da instabilidade para estimular mais músculos e gerar maior benefício. Quando o pilates é praticado em aparelhos, o exercício acaba sendo isolado para cada grupo muscular e os benefícios podem não ser tão significativos.
O resultado de Lee e cols. deixa claro a importância da orientação e planejamento de aula do professor de pilates. Considerando que o mat pilates é uma modalidade de maior instabilidade, a atenção precisa ser redobrada, em função dos riscos. Como o professor passa a estar mais atento ao aluno do que estaria no pilates com aparelho, tanto o risco de lesão é menor quanto os resultados passam a ser mais aparentes.
Foram avaliados ainda outros 2 estudos: Marshall e cols. e Kucukcakir e cols. O primeiro mostrou que exercícios de pilates voltados para o tronco reduziram a dor na lombar, enquanto o segundo avaliou a eficácia do pilates quando comparado a exercícios em casa de extensão torácica para mulheres com osteoporose pós menopáusica.
Faça Pilates com Acompanhamento
Os dois grupos do estudo de Kucukcair e cols. tiveram melhora na dor, porém o grupo pilates teve melhora ainda maior. O motivo da melhora pelo pilates deve ser muito semelhante ao que falamos anteriormente: o pilates promove outros benefícios que facilitam a adesão.
Além disso, fazer aula de pilates traz a ideia de compromisso. Muitas pessoas não têm a disciplina necessária para realizar exercícios em casa, portanto começam e logo param. Ao se matricular em aulas de pilates, os alunos assumem uma responsabilidade com aquela atividade.
Ao praticar pilates em um estúdio ou academia, os alunos têm o acompanhamento de um professor, o que possibilita a correta e segura execução dos movimentos, principalmente se tratando de quem tem dor na lombar. Além disso, o aspecto social das turmas de pilates também favorece o engajamento de quem começa a prática.
Avaliação do possível efeito terapêutico do pilates na dor lombar crônica em estudos de coorte
Estudos de coorte são um tipo de estudo em que não se faz nenhum tipo de intervenção, é completamente observacional. Os indivíduos participantes são classificados ou selecionados de acordo com o status de exposição, ou seja, expostos ou não expostos à variável que se deseja estudar. Os pesquisadores então acompanham esses indivíduos por um determinado período de tempo para avaliar o desfecho.
Cinco estudos de coorte foram incluídos nesta seção. De forma geral, 4 deles mostraram que o pilates reduziu a dor lombar crônica, sendo eles Lim e cols., Mallin e Murphy, Borges e cols. e Kim e cols. Esses estudos realizaram intervenções de no mínimo 12 semanas e no máximo 1 ano e utilizaram escalas de dor para que os participantes do estudo pudessem classificar como se sentiam antes e após o período de prática de pilates.
O único exercício que não mostrou redução da intensidade da dor lombar através do pilates foi o de Da Luz e cols., que alocou indivíduos em dois grupos com a mesma quantidade de pessoas, um praticando Mat pilates e o outro pilates em equipamentos.
O provável motivo para esse estudo não ter identificado redução da dor lombar crônica é que a intervenção foi realizada durante apenas 6 semanas, enquanto os outros realizaram por pelo menos o dobro do tempo.
Análise de revisões
Esta seção do estudo analisou apenas revisões sistemáticas, incluindo 9. Entre os 9, 5 estudos mostraram redução na dor lombar crônica inespecífica através da prática de pilates, sendo eles La Touche e cols., Lim e cols., Aladro-Gonzalvo e cols., Miyamoto e cols. e Sullivan e cols.
A revisão de Pereira e cols. mostrou que o pilates não foi eficaz na diminuição das dores na lombar. Esse resultado provavelmente tem relação com o número pequeno de estudos incluídos na revisão de Pereira e cols.: foram apenas 5.
Além disso, na revisão original que estamos apresentando os autores não trazem informações como tempo de acompanhamento dos indivíduos incluídos no estudo de Pereira e cols. ou outros detalhes que podem ter contribuído para esse desfecho.
2 estudos, sendo eles Posadzki e cols. e Wells e cols. concluíram que o número de estudos era insuficiente e a qualidade metodológica dos artigos analisados era muito baixa, portanto, os resultados dessas duas revisões foram inconclusivos.
Mesmo com essas divergências, os autores sugerem que o método pilates pode ser recomendado para a redução da dor e incapacidade, mas nenhuma conclusão definitiva pode ser feita com relação aos resultados analisados no médio prazo de acordo com essa seção de resultados.
Discussão: o que os autores concluíram?
Vamos aos fatos: o método pilates, usando exercícios funcionais, melhora a força e a resistência muscular.Durante a prática, o nível desses exercícios aumenta semana após semana e, consequentemente, determina uma importante melhora no controle postural. Grande parte das dores na lombar são causadas justamente pela má postura.
Essa revisão sistemática explorou a eficácia clínica do método Pilates em pacientes com dor lombar por meio de uma revisão crítica da literatura. No entanto, esta revisão indica que há divergência entre os estudos analisados em vários níveis: metodologia, exame físico, população, a própria intervenção e as medidas de resultado.
O resultado interessante é que todos os artigos incluídos se concentraram na incapacidade funcional e na dor. Todos os estudos optaram por iniciar as sessões com exercícios básicos, mas a duração ou a frequência das sessões foram diferentes, o que pode ter afetado os resultados.
Mesmo assim, a revisão mostrou evidências de que os exercícios de pilates são mais eficazes do que nenhum tratamento ou intervenções mínimas no tratamento da dor lombar crônica inespecífica.
Os resultados apontaram que os efeitos do método pilates são comprovados apenas para pacientes com dor lombar inespecífica crônica a curto prazo e ainda não é possível fazer inferências sobre os efeitos do tratamento ao longo do tempo.
Então o pilates só é benéfico na dor lombar por um tempo?
Não! Essa impossibilidade de fazer inferências sobre os efeitos do pilates no longo prazo não significa que o pilates passa a ser ineficaz, significa apenas que não foi analisado nesta revisão nenhum estudo que acompanhou indivíduos por um longo período de tempo.
Na prática, sabemos que manter-se frequentando as aulas de pilates só traz benefícios ao longo do tempo, tanto na redução das dores lombares quanto na correção da postura, melhora na flexibilidade, redução do estresse e outras vantagens.
Em conclusão, o nível de “exercício físico”, a frequência e a intensidade dos protocolos de pilates aplicados nos estudos se mostraram vagos e muitas vezes indefinidos. Além disso, não há homogeneidade em termos de grupo de controle e intervenção ou terapia de intervenção em muitos estudos analisados.
As tabelas mostram claramente que há uma escassez de estudos bem estruturados que demonstram claramente a eficácia de um programa de exercícios específico em detrimento de outro no tratamento da dor crônica.
No entanto, o consenso em campo sugere que o pilates é mais eficaz que a intervenção mínima na redução da dor e incapacidade no curto prazo.
Em outras palavras, o exercício ajuda no tratamento da dor crônica, mas ainda não está claro exatamente quais fatores ou tipos específicos de exercícios são responsáveis por essas melhorias.
Mais estudos devem ser realizados para melhor compreender os efeitos a curto e longo prazo dos programas de pilates na redução da dor lombar.
E aí, gostou de saber o que este artigo mostrou sobre o pilates para dores na lombar? Como você já sabe, o pilates tem diversos benefícios e pode ajudar você a parar de sentir dores! Agora você já pode vir conhecer as aulas de pilates no nosso estúdio e trazer aquele amigo que também sofre com dores na lombar.