Será que a academia é o suficiente para melhorar sua saúde?

A academia é o suficiente para melhorar sua saúde?

Em épocas de crise ou quando ficamos doente e somos forçados a ficar em casa, é importante pararmos para refletir sobre nossos hábitos e rotina diária. Uma quebra de rotina, mesmo quando indesejada ou em momento inoportuno, pode ser útil para reorganizar as prioridades e as condutas que desejamos manter ou evitar.


Observe a seguir uma típica rotina de quem trabalha em escritório para que possamos falar sobre as complicações desse estilo de vida.

Começo do dia

Você acorda às 5h. Vai para a academia, realiza seu treino dando o máximo de si, sempre de olho no relógio. Calcula quantos abdominais conseguirá fazer, finaliza com uma corrida, contando os minutos para conseguir a distância que deseja no menor tempo possível. Você finaliza o treino satisfeito, com endorfina percorrendo seu corpo, toma um banho relaxante e se sente leve e com a sensação de dever cumprido.

Da academia, sua próxima parada seria o trabalho, às 8h. Porém, você suou bastante, completou o treino e já tomou banho, tudo antes mesmo da sua rotina normal começar! Você merece um agrado, já que conseguiu bater seu recorde de 3km. Por isso, você para na padaria a caminho do trabalho e compra um croissant de chocolate e um café com leite, afinal, você merece.

Manhã

Você chega ao escritório leve e feliz porque bateu sua meta e ainda está curtindo o sabor do croissant. Porém, ao se sentar, já é bombardeada por demandas: o relatório que você entregou no dia anterior estava errado e o prazo é hoje, seu chefe está estressado, o clima está tenso no escritório e todos esperam pelo seu trabalho.
Você só percebe que está trabalhando compulsoriamente quando seu colega a chama para almoçar, e você se surpreende por já estar na hora do almoço.

Almoço

Você aproveita esse momento e escolhe ir à pizzaria mais próxima, justamente porque não pode perder muito tempo em deslocamento: precisa comer rápido e voltar para finalizar o relatório. Você não presta atenção ao que está comendo, e quando se dá conta já finalizou a pizza individual, tomou um copo grande de refrigerante e está pensando no doce que comerá a seguir.

moça no computador

Tarde

Você volta ao trabalho antes do final do intervalo, entrega o relatório no prazo e só então começa a fazer as tarefas normais do dia. O clima se torna melhor no escritório, mas você ainda está tensa pela demanda que segue tendo. Novamente, só percebe a hora de ir embora quando vê os colegas ajeitando as coisas para ir embora.

Essa provavelmente é a sua rotina, e você pensa que tudo bem ser assim, porque mesmo assim você consegue se exercitar todos os dias pela manhã e em dias normais também se alimenta melhor. Mas não se engane: o menor dos problemas é o seu croissant e a pizza. O principal deles é o que você acha que está compensando com a academia: ficar o dia todo sentada.
Recentemente, um estudo revelou que essa estratégia de compensação pode não funcionar.


O estilo de vida dos indivíduos conta muito mais para a saúde geral dos mesmos do que atividades isoladas, como comer salada ou, nesse caso, se exercitar. Foi o que provou esse estudo de 2019 (Akins, J.D. et al., 2019), que envolveu 10 pessoas na faixa de 20 anos para investigar a resposta à insulina e o metabolismo da glicose após uma refeição, considerando o comportamento sedentário e também a atividade física.


Primeiro, os participantes ficaram 4 dias exercendo comportamento sedentário, sem se exercitar e caminhando menos de 7000 passos por dia. No dia seguinte, eles receberam um shake de café da manhã com alto teor de gordura e açúcar e tiveram seus níveis de glicose, insulina e lipídios medidos.


Foi realizado um intervalo antes da segunda intervenção. Então os participantes passaram outros 4 dias com as mesmas restrições de atividade, porém realizando 1 hora de exercício intenso na esteira todos os dias. No dia seguinte, receberam o mesmo shake e os pesquisadores mediram os mesmos níveis.


Para a surpresa de todos, a resistência à insulina e a tolerância à glicose foram iguais em ambos os testes. O resultado é surpreendente porque o exercício físico de alta intensidade geralmente melhora esses dois parâmetros.


O que se pôde concluir, então? Que o comportamento sedentário anulou o efeito benéfico do exercício físico para esses dois parâmetros: resistência à insulina e tolerância à glicose.
Aqui é importante lembrarmos que é possível ter comportamentos sedentários e mesmo assim sermos ativos. Comportamento sedentário não necessariamente é ficar totalmente inativo de fato, e sim manter uma rotina sedentária, como pudemos concluir. O ideal, portanto, é ser uma pessoa sem comportamento sedentário e ainda fisicamente ativa.

O que fazer, então?

A resposta é mais fácil do que parece! A solução não é trocar de emprego, trabalhar menos ou deixar de fazer academia. Uma forma de equilibrar o estilo de vida é passar a ter hábitos saudáveis ao longo da sua rotina de trabalho, veja algumas sugestões:

  • Fique em pé algumas vezes durante o dia. Na prática, é só você levantar para tomar uma água, ir ao banheiro ou dar uma volta pelo escritório;
  • Estique seus braços. Após 30 ou 40 minutos de trabalho intenso, corrija sua postura, estique os braços sobre a cabeça até senti-los mais leves;
  • Gire seu tronco sem mexer as pernas, na própria cadeira;
  • Estique suas pernas e tente alcançar seus tornozelos, também na cadeira;
  • Alongue seu pescoço e mexa seus ombros em círculos;
  • Estique seu corpo como se estivesse se espreguiçando.
Será que a academia é o suficiente para melhorar sua saúde?

E não deixe de frequentar a academia! Fazer exercícios físicos é essencial para a melhora na qualidade de vida, no sono, na produtividade, no humor e na concentração. Portanto, foque na sua saúde a curto e longo prazo e na construção de hábitos saudáveis.